Brahms, Glinka, Dvořák
18 de Junho - 21h
TEATRO ADEMIR ROSA - CIC
Regência Jeferson Della Rocca
Abertura da Ópera “Ruslan e Ludmila”
Mikhail Glinka
Abertura Trágica, Op. 81
Johannes Brahms
Dança Húngara N. 5
Johannes Brahms
Sinfonia “ Do Novo Mundo”,
N. 9 em Mi menor, Op. 95
Antonín Dvořák
INGRESSOS
R$40,00 (inteira)/ R$20,00 (meia)
Antecipado: R$30,00 (interira) / R$15,00 (meia)
nas bilheterias dos teatros do CIC, TAC e Pedro Ivo
e pelo site Blueticket aqui
SOBRE O PROGRAMA
A ópera Ruslan e Lyudmila, em cinco atos, foi composta por Mikhail Glinka entre 1837 e 1842. É baseada em poema de mesmo nome de Alexander Pushkin. Nos dias de hoje, a parte mais conhecida da ópera é a sua abertura, que consiste numa música vibrante, de passagens muito rápidas exigindo técnica apurada por parte da orquestra.
No verão de 1880, Johannes Brahms estava na cidadezinha de Bad Ischl, escrevendo uma Abertura sinfônica para responder à homenagem prestada a ele pela Universidade de Breslau, a chamada “Abertura Festiva”. De impulso, resolveu criar a “Abertura Trágica” como antagonista à outra, “uma sorri e a outra chora” ele comentou. Contrariamente à prática tão comum de seus contemporâneos do Romantismo, não há nada a associar a esta Abertura, como peça literária ou história de pano-de-fundo. Brahms, o partidário da “música pura”, deixou claro que “não tinha em mente nenhuma tragédia específica”. Ao seu editor, ele escreveu que “não poderia esconder a satisfação de escrever algo assim, já que minha alma é tão melancólica”. De fato, a Abertura é mais dramática que trágica. Trata-se de uma obra sinfônica cheia de intenção dramática, um pós-Classicismo que o liga diretamente a Haydn, onde o conteúdo trágico aparece envolto na elegância do discurso sinfônico de enaltecimento próprio daquele compositor.
Na Viena da metade do século XIX, proliferavam conjuntos ciganos itinerantes fixando residência nas praças e tavernas de Viena, tocando sua música melancólica, porém soberbamente espirituosa. Brahms, um grande admirador da música húngara, teve um de seus primeiros contatos com esse tipo de música ainda jovem, aos 19 anos, quando acompanhou ao piano o violinista húngaro Ede Reményi numa turnê. Vê-se diretamente tal influência nas Danças Húngaras. Elas formam um conjunto de 21 Danças, originalmente para piano a quatro mãos, com a maioria de seus temas musicais baseados em canções ciganas da época. A Dança Húngara nº5, sem dúvida, é a mais popular de todo este conjunto de danças.
Após ganhar três vezes, na década de 70, o concurso “Austrian State Stipendium”, o compositor tcheco Antonín Dvořák despertou a atenção de Brahms e em 1877 recebeu ajuda do compositor para a edição de algumas de suas obras na Alemanha (Desde então, os programas de concerto de todo o mundo passaram a colocar em destaque o nome de Dvořák). Em meados de 1892 Dvořák esteve a trabalho nos Estados Unidos. Assim que pisou em solo americano, Dvořák ficou deslumbrado com o novo mundo que se erguia à sua frente, com a nova cultura e os novos sons e ritmos que ecoavam pelas ruas do até então desconhecido ambiente. Esses aspectos influenciaram diretamente na sonoridade de sua nova criação, que tornou-se depois a sua obra mais conhecida, a Sinfonia nº 9 em Mi menor, opus 95 – “Do Novo Mundo”. O segundo movimento, um dos temas mais conhecidos da música erudita, é de grande beleza e serenidade. Com um solo de corne inglês, apresenta o motivo principal da obra, inspirado num poema de Longfellow intitulado O Canto de Hiawatha (1855), que fala da morte de Minnehaha. Inicialmente intitulado “Lenda” tornou-se o tema mais conhecido desta sinfonia pelo seu caráter nostálgico e onírico. Com reminiscências celtas, trazidas pelos imigrantes irlandeses que colonizaram o Far West, esta melodia tornou-se popular nos Estados Unidos como a canção Going home. A Nona Sinfonia estreou no dia 16 de dezembro de 1893, no Carnegie Hall, interpretada pela Filarmônica de Nova Iorque, sob a regência de Anton Seidl. Em sua estreia, o fim do 2º e 4º movimento foi marcado pelo entusiasmo do público, que foi à loucura e ovacionou o compositor. Ele mesmo diz em uma de suas cartas a seu editor em Berlim: “O sucesso da Sinfonia foi magnífico! Os jornais dizem que nunca um compositor teve tamanho triunfo [...] o público aplaudiu tanto que me senti como um rei em meu camarote”. A composição está impregnada dos sons das músicas dos negros americanos – o segundo tema do primeiro movimento invoca o “spiritual” Swing low sweet chariot – temas indígenas e música folclórica tcheca. O compositor que já era muito respeitado em toda a Europa quando chegou aos EUA em 1892, e habituado com as diversas escolas musicais da Áustria, Alemanha e ao movimento nacionalista dos criadores da nova música russa, húngara e tcheca, desafiou os músicos americanos a criar o estilo musical de seu país baseando-se na melodia dos negros e dos índios. Em uma de suas cartas a seu editor também disse: “Estou convencido de que o futuro da música deste país deve ter como base as melodias dos negros. Estas devem ser a base de uma séria e original escola de composição a ser desenvolvida nos EUA. Estes belos e variados temas são produto da alma, são as raízes da América e os vossos compositores devem voltar-se para eles”. Apesar de ter uma visão romantizada e estereotipada dos negros e dos índios, o maior legado de Antonín Dvořák à América foi ter tido a intuição de que a música dos negros seria a música americana do futuro. Sua teoria lhe valeu uma série de críticas. O compositor não chegou a ver que uma música afro-americana chamada jazz se tornaria a futura escola musical americana. Na missão espacial Apollo 11, Neil Armstrong (primeiro homem a pisar na lua), levou uma gravação da “Sinfonia do Novo Mundo”.